Apresentação da 4ª Edição


Os números absolutos de homicídios no Brasil ultrapassaram a marca de 60 mil por ano (2016-2017). Uma média de mais de 160 por dia. Somando as cinco principais guerras do mundo atual, seria necessário, ao menos, um biênio para alcançar o número de homicídios registrados no país em um único ano.
A explicação para esse cenário, verdadeiramente macabro, não parte de qualquer raciocínio lógico. As razões são ideológicas. Há décadas, teorias desprovidas de base empírica ou científica contaminam a segurança pública brasileira, produzindo efeitos extremamente danosos na contenção da violência criminal. Dentre elas, se destaca o desarmamento civil.

Introduzidas com a promessa de redução da criminalidade, as restrições de acesso legal às armas de fogo, somadas a um arcabouço legislativo dito garantista e por vezes leniente com a delinquência, na prática apenas têm contribuído para a elevação dos registros de crimes no país, em especial os violentos. Enquanto o crime organizado vem se estruturando e armando cada vez mais, o cidadão de bem vem sendo cada vez mais subjugado e jogado, indefeso, à própria sorte. Para a criminalidade, o cenário se aproxima do ideal: guerra assimétrica entre transgressores e cidadãos ordeiros.
E é justamente nesse contexto que surge a 4ª edição desta obra, reorganizada, revista e ampliada. Uma coletânea com os mais contundentes e esclarecedores artigos do pesquisador Fabricio Rebelo, contendo críticas aos erros cometidos sucessivamente no campo da segurança pública por governos que, dolosamente ou não, foram os diretamente responsáveis pelo atual estado de coisas em que vivemos. 
Por meio de ensaios objetivos, elucidativos e muito bem embasados, o leitor encontrará claramente a raiz de muitos males que assolam a segurança pública brasileira. Ao final da leitura, certamente compreenderá de forma madura quais os principais fatores que contribuem para o crescimento da criminalidade, bem assim quais as técnicas de retórica e “maquiagem” que ocultam as ideologias e os verdadeiros propósitos de movimentos políticos e grupos não eleitos que ditaram, até aqui, os rumos da segurança pública nacional.

Embora os textos que compõem a obra por vezes sejam desencadeados por ocorrências factuais, o leitor certamente perceberá que suas abordagens se revelam essencialmente atemporais, verdadeiramente perenes, sobretudo diante de um cenário que parece indefinidamente cíclico na repetição de erros e justificativas para que se os mantenha.

Uma obra absolutamente essencial para a compreensão da segurança pública brasileira. E, nos dizeres do editor Marcio Scansani, uma típica "cronologia do caos".